Pergunto-me então onde deixei aquelas palavras. Sei que elas estavam na ponta da língua, lutando para sair e ganhar vida. Aquele sorriso que tanto admiravam está estampado no mesmo rosto e da mesma maneira que antes de todos aqueles problemas. Aquele desdém curioso ainda espia de dentro daqueles olhos cheios de vida. O calor, a voz, a presença, tudo está do mesmo jeito que deixei menos aquelas palavras. Aquelas palavras, aquelas que escolhi cuidadosamente, elas não sei onde deixei. As palavras que eu diria quando me perguntassem “Está tudo bem?”, ou aquelas outras que reservei para dizer quando o silêncio se instaurasse no ar. Perdi as palavras que eu deveria dizer quando me dissessem “eu gosto de você” e aquelas que guardei para dizer na hora que me dissessem “até mais” assim como perdi aquelas que se usam antes ou depois que se diz “estou com saudades”. Perdi todas as palavras que queria dizer. Esqueci onde deixei todas as palavras que eu guardei com cuidado esperando pelo momento ideal em que eu poderia dizê-las. E agora diante deste silêncio que se instaurou entre nós, agora diante desse incômodo que este silêncio trouxe, eu já não tenho mais nada a dizer. Nada para quebrar o silêncio, além de mais um pouco de silêncio.
Alanna Correia
3 comentários:
É estranho, nós que temos um dicionário com tantas milhões de palavras, nós que temos a capacidade de fazer tantam milhões de frases, às vezes ficamos sem saber o que falar, o q fazer, como reagir. É como se todas as palavras conhecidas, como se todas as palavras do mundo não fossem capazes de explicar aquele momento e nós ficamos assim, sem palavras, mesmo com tantas.
Eu adorei esse texto, de vdd.
Te amo Alanna-chan o/
E tem momentos em que não encontramos as palavras, mesmo que as tenhamos decorado...
Às vezes o silêncio é tão alto que consegue nos contar muito mais e de uma maneira que as palavras não podem sequer se aproximar!
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