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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Para Sempre


 Estava deitado em minha cama e não consegui conter as lágrimas que rolavam de meus olhos. Meu coração doía... era um dor pequena, intensa e sufocante, cortante, constante... ela apertava tão lentamente meu coração que eu já não podia dizer a quanto tempo eu a sentia. Apertei ainda mais o travesseiro contra o rosto como se ele pudesse afagar minha cabeça, me consolar até que eu caísse no sono e, pode até ser que ele tenha tentado, mas não conseguiu, pois eu continuei ali chorando sem querer entender, aceitar o que tinha acontecido.
Eu, que já havia convivido com  a solidão antes, de repente tive pânico da presença dela. Eu estava sozinho. Ninguém que me pudesse abraçar, fazer companhia ou pelo menos me dizer que tudo ficaria bem, cedo ou tarde. Os dedos que se entrelaçavam aos meus, não faziam mais companhia às minhas mãos, os olhos que completavam o brilho dos meus não brilhavam mais, o sorriso que me trazia alegria não sorria mais... Tudo estava vazio... A voz dela, vinda de outro cômodo da casa, não invadia mais o quarto, as conversas silenciosas não seriam mais olhos nos olhos. Eu que sempre fui tão independente, nunca me senti tão dependente antes... tão frágil... E agora o que eu faria? Como seriam os meus dias? Como eu poderia dormir sem tê-la ao meu lado? Como eu suportaria ver tudo se transformando em apenas memórias?
Pedi a Deus que me devolvesse... disse para Ele que Ele estava sendo egoísta por tê-la tirado de mim, afinal eu provavelmente precisava mais dela do que Ele.
- Por que você a tirou de mim? Deus, por que você a tirou de mim? Por que você não a deixou por aqui mais um pouco? Por quê?
Penso agora, que aquele que criou o Adeus, nunca teve a necessidade de dizê-lo, porque se o tivesse tido, com certeza, teria apagado a própria criação.
Nada naquela noite me confortou... nenhuma luz me trouxe esperança, nenhuma chama aqueceu meu coração, nenhuma canção me acalmou...
Eu sabia que em algumas horas amanheceria e eu teria que terminar de arrumar as coisas do velório... eu teria que enterrá-la... eu teria que me despedir da minha amada... para sempre.

Alanna Correia

sábado, 24 de abril de 2010

ADEUS



Eu tenho um carinho especial por este poema por que com ele eu ganhei o 1º lugar no 1º Concurso Literário do Centro de Ensino Médio 9 de Ceilândia. É interessante notar que ele se encaixa no contexto muito mais agora do que quando eu o escrevi há três anos. ^^'

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Adeus doces devaneios meus,

Perco-os para sempre

A ilusão se foi...

Volto à realidade;

Encontro-me só.

Como me dói voltar à realidade...

Jamais esquecerei momentos tão sublimes,

Momentos que não passaram de pensamentos.


A vida segue o caminho que deve seguir,

O destino brinca com os mortais,

Destino imprevisível.

Meus mais íntimos sentimentos são revelados,

Não os terei em segredo nunca mais.


Já que não sei mais o que é real,

Então, de todos os momentos que vivi,

E dos que quis viver,

Direi que foram reais.

Amenizando a dor e aumentando a esperança.


Não me resta nada mais a dizer

As palavras fogem...

ADEUS,

Doces devaneios meus.


(Moisés Wesley)






terça-feira, 20 de abril de 2010

Antíteses

Já sinto a frieza a circular-me
O espaço vazio que ficou quando tu foste embora
O ar que levou contigo quando partiu
O silêncio insuportável que se instaurou ao derredor

Os sorrisos que desabrocharam tornaram-se pranto
E a companhia em solidão
Aquele que arranca o fardo de teus ombros
É o mesmo quem o colocou sobre ti

O sonho que se tornou pesadelo no momento mais doce
Aquele mesmo sonho que te fez repousar tranqüilo
Transformou-se na tua tormenta noturna
E te fez, assustado, despertar...

Despertar para o nascer do sol,
Para o tinir dos rios e a doçura das flores
Para a graciosa e gélida neve que
Te acalma a alma e te congela o corpo.

O sim e o não
O ir e o vir
O respirar e o afogar-se
O falar e o silenciar.

Diante de tais palavras nada me restou, mais uma vez, além do silencio.

Desculpa.


Alanna Correia

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A MENINA



Talvez pareça tolice dizer tais palavras, mas eu me sentiria ainda mais tolo se não as dissesse.

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A menina dos meus olhos
É a mesma menina que habita meu coração

E que visita constantemente meus pensamentos
Tão presente no imaginário e ainda não a conheço como gostaria.


Desejo conhecê-la em cada ato seu,
Cada adjetivo intrínseco que lhe pertença
Desejo conhecer seus maiores anseios

E seus menores planos.


Quero descobrir suas incertezas

E amenizar suas dores
Desejo conhecer intimamente seu eu,

Lírico ou real, sua essência literária
Com licença poética ou não.


Desejo conhecer a menina que também vive nela

E apresentar o menino que vive em mim
Vê-los brincar inocentemente,

Tão sublime momento seria!

Desejo ainda mais;

Desejo que me conheça

Que me entenda

Anseio que esteja comigo

Sei que estar ao seu lado será um eterno aprendizado!


Desejo, ainda mais,

Que me permita conhecê-la

Que não me deixe à parte

Desejo sermos um só

Não quero apenar ser residência, também quero residir

Quero compartilhar os mais sinceros sentimentos!


Oh, menina dos meus olhos!

Será possível (algum dia)

Estarmos juntos em um mesmo olhar?


(Moisés Wesley)



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Não importa quanto tempo passe, tu estarás sempre presente em minha mente como uma pintura que meus pensamentos se encarregaram de pintar!


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Este poema é dedicado àquela que também é conhecida como La Niña. Aliás, daí a origem do título deste poema.

P.S: observem bem as imagens para perceber o que elas trazem!













sábado, 3 de abril de 2010

Febre


Eu estava deitada na cama coberta até o pescoço e ainda assim sentindo frio, muito frio e as vezes era atacada por ondas repentinas de calafrios. Fechei os olhos e tentei dormir.
Achei que alguém estava entrando no quarto, provavelmente iriam medir minha temperatura de novo, verificar se ocorrera algum progresso com os medicamentos. Pegaram em minha mão por debaixo do cobertor e me beijaram na testa. Senti o cheiro do meu perfume preferido. Eu gostava daquele perfume porque me fazia lembrar dele. Uma mechinha de cabelo roçou em minha testa. Bem que poderia ser a franja dele tocando o meu rosto.
- Fique boa, logo – alguém sussurrou.
Com certeza a febre já estava me fazendo delirar. O sussurro ao meu ouvido pareceu-me a voz dele. Eu sabia que não poderia ser, não tinha como ele estar ali depois de tudo o que aconteceu. Era provavelmente o meu pai que tinha entrado no quarto. Bom, descartei a idéia quando lembrei que o cabelo de meu pai é bastante curto. Então certamente era um de meus irmãos, ou até algum médico, sei lá. Àquela altura eu já nem sabia se estava em casa ou no hospital. Já não conseguia mais distinguir o real do delírio, afinal aquela febre já me acompanhava há dias, além do mais eu já tinha perdido as contas de quantas vezes eu havia dito o nome dele entre meus delírios. Eu sabia que só nos meus mais doces sonhos eu ainda poderia me encontrar com ele, depois de tudo...
Abri os olhos, vi o rosto dele em minha frente, parecia preocupado.
- Eu estou sonhando ou isso é coisa da febre de novo?
- Acho que você está sonhando, porque o termômetro voltou a marcar 37,9°C – ele respondeu com um sorriso curto, meio de lado e com um olhar terno.
- Então... posso pedir uma coisa?
- O que você quiser. Quer água ou algo para comer?
- Por favor, não me acorde.


Alanna Correia