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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Experimentando

“Quando esta lágrima que pende de teus olhos cair, para onde ela vai?”
Observou atentamente a pessoa em sua frente. Joelhos no chão, mãos entrelaçadas em frente ao coração, cabeça baixa, olhos fechados. Seus lábios se mexiam como se estivessem falando, embora não se ouvisse nenhum som saindo deles.
“Quando a pessoa com quem falas em silêncio te ouvir, o que farás?”
O salão era amplo e, apesar de se ver muitas lâmpadas no teto, a maioria estava apagada, o que dava um ar doce e tranquilo ao ambiente. Se tivesse que escolher uma palavra apenas para defini-lo seria aconchegante. Enormes bancos de madeira se estendiam ocupando quase toda a área do lugar deixando apenas um corredor bem a centro que ligava a enorme porta de entrada ao altar.
“Quando os sussurros que falas forem ditos, para onde irás?”
Em cima do altar havia alguns arranjos de flores que davam uma cara menos séria ao lugar e um púlpito transparente bem ao centro erguia-se imponente e sem arrogância como se estivesse pronto para dar início a um discurso. A cima do púlpito, descansava um grande livro de capa preta com letras douradas, que não podiam ser lidas de onde se estava, apesar de que praticamente todos sabiam exatamente de que livro se tratava.
“Quando tuas mãos se soltarem, o que farás com elas?”
Tudo estava silencioso e as flores ofereciam um aroma leve e agradável ao lugar. As paredes eram lisas e pintadas até a metade com algum tipo de textura artística. A pessoa continuava na mesma posição de antes e ainda falando coisas que não se podiam serem ouvidas.
“Com quem falas e por quê? Se falas tão baixo assim, como sabes que podem te ouvir? Não seria inútil conversar sozinho com os olhos fechados e tão baixo?”
Apesar da nítida clareza do ambiente, ele não entendia o que acontecia ali. Olhou para o livro preto que repousava sobre o púlpito.
“Só descobrimos o gosto de algo se provarmos...”
Ele fechou os olhos e respirou fundo.
“E agora o que faço?”
Espiou a pessoa da frente que continuava convicta com seu aparente monólogo silencioso. Fechou os olhos novamente e tentou se encontrar, se conectar, talvez até conversar as mesmas coisas – ou com a mesma pessoa – que sempre ouvira a respeito. Agora ele podia ver alguma coisa que ele não sabia o que era. Ele havia fechado os olhos, mas ao invés da escuridão trazida pelo cerrar das pálpebras, o que ele viu foi uma luz. Era quente e não queimava, era forte e não ofuscava. Ele tocou a face e percebeu que chorava. Chorava tudo o que havia preso e perdido dentro dele por causa de seus próprios atos.
“Como é possível conversar com o que não existe?”
Ele abriu os olhos finalmente, secou o rosto. Estava leve. Seu corpo estava leve como se não tocasse o chão, sua cabeça estava tão calma, sua respiração não doía-lhe mais e seus joelhos ainda estavam no chão. Ele mirou a pessoa que falava sozinha e ela já não estava mais ajoelhada, estava sentada ao seu lado com um sorriso terno nos mesmos lábios que conversavam com ninguém. Ele sorriu de volta para ela como há muito tempo não conseguia sorrir.
“E depois que se fala com quem não existe, depois de se acreditar no que não é real, depois de sentir o que não tem forma, depois de tudo isso, como posso continuar dizendo que nada existe? O único jeito de se saber o sabor é experimentando.”
Quando a lágrima que pendia de seus olhos caísse, ele sabia que poderia recomeçar com a vida, deixar o passado para trás e construir um novo presente.

Alanna Correia
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Passei bastante tempo para conseguir escrever alguma coisa e no fim acho que o texto ficou um pouco grande, mas foi o que consegui. Sinto muito se não gostarem. Eu sei que não é emocionaaaaaante e tudo mais, mas eu até que gostei dele :)
Tudo de bom para todos e até mais.
_o/

sábado, 8 de maio de 2010

MATERNIDADE


Bom, como é minha vez de postar, e como coincidiu com a véspera do dias das mães, eu pensei em escrever algo que homenageasse criaturas tão importantes quanto elas.
Então, é claro que eu dedico esse poema a todas as mães, em especial a minha (rsrsrs) e a uma grande amiga minha, Simone, que já é mãe de duas garotinhas e está grávida com 7 meses da terceira (vai ser o xodó da nossa turma, rsrsrs)! FELIZ DIA DAS MÃES!!!

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O que é maternidade?

Será uma tarefa dada por Deus

A alguns anjos personificados em forma de mulher?


Maternidade não é um substantivo,

É verbo transitivo direto e indireto

Conjugado no passado, presente e futuro.


Maternidade...

Tarefa indubitavelmente árdua,

Não oferece férias, nem remuneração,

Tampouco garantias de gratidão.


Quão angustiante deve ser

Presenciar momentos em que o filho,

Já crescido, sofre

E não há nada a se fazer

Pois ele já é grande demais para ser levado no colo

Ou guiado sendo segurado pela mão.


Maternidade não pode ser explicada,

Ela vai muito além do que as palavras podem alcançar.

Ela só pode ser sentida e vivida.


Maternidade é uma maneira curiosa

De se afirmar, enquanto nega a si mesma

De desistir dos sonhos, enquanto continua a sonhar

De planejar cada passo, enquanto desiste dos seus objetivos


Maternidade...

Eis uma das coisas mais belas que existem,

Ela mescla as melhores qualidades em um único ser.

Cada gesto materno de amor

Se faz certo, mesmo que aparentemente errado,

Mesmo que incompreendido.


Entendo cada ato,

Cada pensamento materno,

Sou o que sou, e gosto do que me tornei,

Graças a tais pensamentos e atos.


Obrigado, Mãe, pelos seus gestos de carinho,

Gestos, sem dúvida, indispensáveis,

E peço perdão pelas vezes que não os compreendi.

Eles fazem de mim uma pessoa melhor!


(Moisés Wesley)