Fazia tempo que Vitória não mexia nas coisas velhas do sótão. Na verdade, ela nunca podera. Trabalhava demais e o pouco que tempo que passava em casa estava sempre ao telefone negociando as próximas vendas. Agora, aposentada, decidiu fazer um limpeza no local.
Com o peso do estresse de uma vida de empresária em suas pernas, subiu devagar as escadas que davam ao sótão e começou a olhar as coisas antigas e empoeiradas que estavam por lá até que, finalmente, seus olhos pararam numa caixa de sapatos rosada que estava no chão. Lembrava-se daquela caixa. Era onde ela própria guardava algumas lembranças
Vitória então pegou a caixa e a abriu. Para sua surpresa não eram as coisas dela que estavam ali. "De quem serão então?" pensou.
Dentro haviam algumas fotos de sua família que ela nunca tinha visto antes. Olhou uma por uma e sentiu a saudade passeando pelos seus olhos, sua mente, seu coração. "Onde eu estava quando essas fotos foram tiradas?" Vitória não lembrava de nenhuma delas. Achou também, junto com as fotos, uma agenda telefônica que perdera há vinte anos, algumas cartas e um broche. Uma das cartas remetia-se a ela, abriu-a e leu:
"Querida mãe, como hoje é seu aniversário, comprei-lhe um broche, espero que goste. Obrigada pela caixa de sapatos rosa, é muito bonita e prometo guardar nela só as coisas mais importantes pra mim. Desculpe por pegar sua agenda telefônica, mas é que eu achei que assim você poderia passar esse dia comigo e não trabalhar. Feliz aniversário! Te amo, mãe!"
Vitória nunca ganhara o broche, tampouco a carta. É provável que naquele dia tenha ido trabalhar.
Então, com os olhos úmidos e 56 anos de vida perdida, ela fecha a caixa e desce as escadas.
Alanna Correia
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Esse texto é bem velhinho já, mas eu gosto tanto dele, apesar de ser meio triste. Eu o escrevi como exercício de Redação. O professor mandou a gente fazer um texto narrativo com o tema "caixa de sapatos, fotografias, agenda telefônica, cartas e broche" e esse texto foi o meu. Haha!
Felicidades para todos!
_o/
2 comentários:
Lembrei de uma coisa q me dizeram não faz muito tempo: "Se vc continuar se restringindo por causa dos outros, qndo vc vai aproveitar a vida? Vai ser uma quarentona que vai para as boates?"
Parece o texto... Ela abriumão de muitas coisas para conseguir outras, infelizmente isso acontece e muito...
Adorei o texto.
Olhar para trás e perceber que se perdeu muito mais do que "supostamente" se ganhou não é algo fácil de encarar!
Sempre vai existir coisas que teremos que fazer, mesmo que não queiramos, mas é necessário analisar o que é realmente importante!
Gostei muito do texto, ensina muito! ^^
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