Bom, como quinta-feira é meu aniversário(vou completar 20 anos! *_*), eu pensei em postar este poema por que eu o escrevi no meu aniversário de 17 anos e mesmo depois de três anos eu ainda acredito na ideia que ele trás. Espero que gostem!
Fazia tempo que Vitória não mexia nas coisas velhas do sótão. Na verdade, ela nunca podera. Trabalhava demais e o pouco que tempo que passava em casa estava sempre ao telefone negociando as próximas vendas. Agora, aposentada, decidiu fazer um limpeza no local.
Com o peso do estresse de uma vida de empresária em suas pernas, subiu devagar as escadas que davam ao sótão e começou a olhar as coisas antigas e empoeiradas que estavam por lá até que, finalmente, seus olhos pararam numa caixa de sapatos rosada que estava no chão. Lembrava-se daquela caixa. Era onde ela própria guardava algumas lembranças
Vitória então pegou a caixa e a abriu. Para sua surpresa não eram as coisas dela que estavam ali. "De quem serão então?" pensou.
Dentro haviam algumas fotos de sua família que ela nunca tinha visto antes. Olhou uma por uma e sentiu a saudade passeando pelos seus olhos, sua mente, seu coração. "Onde eu estava quando essas fotos foram tiradas?" Vitória não lembrava de nenhuma delas. Achou também, junto com as fotos, uma agenda telefônica que perdera há vinte anos, algumas cartas e um broche. Uma das cartas remetia-se a ela, abriu-a e leu:
"Querida mãe, como hoje é seu aniversário, comprei-lhe um broche, espero que goste. Obrigada pela caixa de sapatos rosa, é muito bonita e prometo guardar nela só as coisas mais importantes pra mim. Desculpe por pegar sua agenda telefônica, mas é que eu achei que assim você poderia passar esse dia comigo e não trabalhar. Feliz aniversário! Te amo, mãe!"
Vitória nunca ganhara o broche, tampouco a carta. É provável que naquele dia tenha ido trabalhar.
Então, com os olhos úmidos e 56 anos de vida perdida, ela fecha a caixa e desce as escadas.
Alanna Correia
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Esse texto é bem velhinho já, mas eu gosto tanto dele, apesar de ser meio triste. Eu o escrevi como exercício de Redação. O professor mandou a gente fazer um texto narrativo com o tema "caixa de sapatos, fotografias, agenda telefônica, cartas e broche" e esse texto foi o meu. Haha!
Durante uma aula de Anatomia sobre o funcionamento do coração eu fiquei fascinado sobre seu mecanismo e quis escrever um poema. Porém só agora consegui elaborá-lo. A minha ideia original seguia outra vertente (algo mais romântico), mas com o desenrolar das escrita o poema acabou tendo outra linha estrutural (algo mais melancólico). No fim do poema eu coloquei notas de rodapé com o significado de algumas palavras. Bom, é isso!
Com artérias calibrosas atende às estas necessidades
E com artérias de pequeno calibre supre as suas.
Cheio de sangue e de sentimento
Recebe os restos imprestáveis de meus outros órgãos
E rege o processo que substituirá tais restos
Por moléculas úteis a todos eles.
Fisiologicamente tão sentimental
Irriga os mais profundos anseios
Oxigena a imaginação
E nutre o amor!
Constantemente ferido
E nem mesmo eu,
Que o possuo,
Tenho o cuidado de preservá-lo!
Absorto em amores desmedidos
Esqueço de quão prejudicial isto é
Para mim e para ele,
As conseqüências disto serão fatais!
Um amor me consome agora,
A cada passo que dou em sua direção
O punhal da indiferença se aprofunda em meu coração sentimental
Bombeando sangue ao meu corpo já de maneira ineficaz
Meu coração sente o fardo desta ferida
E dos meus atos impensados.
A minha visão já começa a embaçar
O punhal já atravessou meu coração
E dilacerou a aorta
A hemorragia de tristeza é inevitável.
Não há mais diapedese das células amorosas
Sangue e sentimento se misturam
Vazam entre as cavidades
E vão me abandonando pouco a pouco!
Quando o nó sinoatrial não receber mais impulsos elétricos
E por isso meu coração já não tiver forças,
Sístole não mais existir
E a pressão sangüínea já não for suficiente
E os meus órgãos principiarem a falecer
O que fará meu amor?
Quando meu corpo já desfalecido
Cair inerte no chão
O que sentirá meu amor?
Quando a palidez dominar minha face
E o calor deixar meu corpo
E eu me tornar rígido
E quando eu, finalmente, morrer de amor
O que aquela a quem meu sentimento designa, dirá?
Ah,estas desventuras...
De todos os tipos de morte
Não poderia eu outra desejar
Do que a morte por amar,
Antes morrer de amor
Do que por nada!
(Moisés Wesley)
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Notas de rodapé:
- Aorta: artéria de maior calibre do corpo humano, um dano nesta artéria pode acarretar um grande risco de morte;
- Diapedese: passagem das células da corrente sanguinea para os tecidos, muito importante para a defesa do organismo através do sistema imune;
- Nó sinoatrial: região do coração responsável por receber e distribuir os impulsos elétricos por todo o coração, estes impulsos estimulam a contração do coração fazendo com que o sangue seja bombeado para o corpo;
- Sístole: movimento de contração do coração.
P.S: Renata, se eu tiver me equivocado em alguma dessas definições não deixe de me corrigir, tá? ^^
Nada tão nobre quanto amar e sofrer em silêncio. Nada tão forte e nobre do que assistir tudo sem dizer uma única palavra. Ah, mas quando nós falarmos... Quando nós finalmente falarmos o mundo terá que se calar para ouvir as dores e amores do nosso silêncio. Do nosso Nobre Silêncio.Este blog pertence a dois amigos que resolveram falar o que sentem para pessoas que nunca os ouvirão. (Ou talvez ouçam, quem sabe? ^^) ;) Enjoy