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sábado, 5 de novembro de 2011

Segredos


Despedi-me com um beijo no rosto,
Mas na verdade o que eu queria fazer era mais do que isso.

Queria tocar-te os dedos e enlaçá-los aos meus
Queria tocar tua pele e encostá-la a minha com um abraço
Queria pegar teu coração e fazê-lo meu
Queria encostar teus lábios nos meus e sentir o gosto desse desejo...
Mas nada disso fiz.

Queria olhar em teus olhos e me ver dentro deles
Queria saber que sentias o mesmo frio na barriga que eu
Queria ver tuas mãos tremerem
Queria ouvir tua respiração lenta perto de meu ouvido
E o som da sua voz dizendo que também sentia o mesmo.
Mas nada disso aconteceu.

O que aconteceu foi uma despedida de amigos
Um beijo de amigos
Em uma noite de amigos.
Eu te olhei nos olhos e não tive coragem de fazer, nem dizer
Nada daquilo que eu havia ensaiado,
que eu havia desejado tanto.
Apenas fechei os olhos, deixei-lhe um beijo no rosto
e fui embora com meus segredos.

(Alanna Correia)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ESTAÇÃO



Sentado no banco da estação do metrô

Observo a movimentação das pessoas

Quantas pessoas indo e quantas vindo

Quantos destinos diferentes

Rostos diferentes

Histórias diferentes

Vidas diferentes.


De todas essas pessoas

Sei tanto delas quanto elas sabem de mim:

Nada!

São muitos estilos, comportamentos

Como saberia?


Por diversas vezes me vi sozinho

E por isso tracei objetivos individuais

Mas agora, olhando essas pessoas,

Eu me pergunto:

Algum objetivo meu não estaria prejudicando

Um objetivo alheio?

Este meu objetivo é mesmo necessário?

É mais importante do que os objetivos

Dessas outras pessoas?


Será que elas me percebem como eu as percebo agora?

Será que me vêem sentado neste banco?

Será que elas pensam em relação a mim

Da mesma maneira que eu penso em relação a elas?


Só agora, depois de observá-las bem,

Percebi o quão cego eu estava

Como eu pude, diante de tantas pessoas,

Não me lembrar delas

E só me lembrar de mim?


Agora, sentado no banco da estação

Esqueço de mim

E me preocupo com elas

E como sinal que as percebo

Abro um sorriso

E como resposta eu recebo a indiferença.


Insisto em sorrir para cada pessoa que passa

E a resposta é a mesma

Ora, quem pode culpá-las?

Não as percebi durante muito tempo

Por que elas me perceberiam?


Uma criança me percebe

E com o sorriso mais doce

Faz valer o meu esforço

Para perceber e ser percebido.


Para minha surpresa ela se aproximou

E disse bem próximo ao meu ouvido:

“Eu sei o que você está fazendo,

Não desista, comigo acontece a mesma coisa,

Mas eu continuo a sorrir”


Sua mãe se aproxima e diz:

“Só me faltava essa,

Além de sorrir à toa

Ainda conversa sozinha”

E eu, sentado no banco da estação,

Continuo a sorrir...

(Moisés Wesley)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Um Fim


Pode parecer covardia para você. Você pode inclusive ler tudo o que escrevi e dizer ao final desta carta que eu não passava de um desajustado, egoísta e, acima de tudo, covarde. Você até pode me chamar de covarde se quiser. Para dizer a verdade, eu também diria que esta atitude não passaria de um ato de covardia. Diria sim. Até o momento em que eu mesmo resolvi tomá-la.
Quando a gente ver por outro ângulo, a gente acaba passando a entender melhor as coisas, as pessoas. Veja bem, eu tentei de todas as formas resolver os conflitos que me cercavam. Eu briguei, conversei, lutei, ignorei, fiz terapia, yoga e até frequentei algumas igrejas de diferentes religiões. Ninguém pode dizer que eu não tentei. Porque eu tentei bastante, mas tudo era em vão. Todas as minhas escolhas de alguma forma deram erradas. Muitas pessoas me perseguiram, pouquíssimas me entendiam.
De fato, acho que ninguém chegou realmente a me entender. Não tem como sabermos o que uma outra pessoa passa, a não ser que sejamos essa pessoa. Cada um encara as coisas de um jeito diferente e eu tentei encarar de muitos jeitos, mas nenhum funcionou. A terapeuta disse que eu deveria aprender a viver por mim mesmo, sem me preocupar com os outros. A igreja disse que Jesus me amava e isso era tudo o que importava. A Yoga me ensinou a procurar a paz na natureza e dentro de mim. Mas dentro de mim não tinha paz alguma e as pessoas ao meu redor não me deixavam me concentrar na... não sei... Na paz?
No fim é só isso que as pessoas querem. Um pouco de paz, um lugar pra repousar a cabeça e descansar. Acabar com os problemas, com as aflições...
Esta carta não é para culpar ninguém e nem para tirar um peso do meu coração que por toda a minha vida andou tão pesado. Estou escrevendo apenas para que nenhuma outra pessoa seja acusada pela a vida que eu mesmo tirei.
Sei que você não entende os motivos. Pode ter sido solidão, desespero, covardia ou simplesmente cansaço. Você pode escolher qualquer uma dessas palavras se alguma delas fará com que você se sinta melhor. Nem com muitas cartas eu poderia transmitir o que realmente me fez fazer o que estou prestes a fazer.
Agora, você deve está se perguntando: esse cara não pensa em sua família? Digo logo que não tenho família, pois a definição que me deram de família quando eu ainda era criança não condiz em nada com as pessoas que compartilham do mesmo DNA que eu. Sendo assim, digo que sim, pensei sim em cada um deles, mas no fim eles saberão que esta acabou sendo mesmo a melhor forma de colocar um ponto final nas coisas.
Assim ficamos todos em paz. Eu, eles e você que agora ler minha carta como se não tivesse feito parte da minha vida. Talvez você esteja certo, talvez você realmente não tenha nada haver comigo. Ou talvez não. Mas isso é algo que nós nunca saberemos, pois já não me importam mais as respostas para as perguntas que tenho e quanto as que você tem, já está tarde para que eu possa respondê-las, não é mesmo?
E desta forma termino minha carta apenas para dizer que as coisas têm mesmo um fim. Todas elas.
Adeus.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

REFLEXÃO


O hoje se tornará o ontem,

O futuro será passado.

O passado foi presente, foi futuro.


Porém, tudo é confuso

Será que as coisas realmente mudam?

Talvez nem existam mudanças,

O que se vê é apenas a repetição da história,

Que não vivemos apenas a encenamos.


O que se vê é que o confuso

É permanente

E o questionamento é iminente.


Somos tudo e nada,

Realidade e ilusão,

Somos uma contradição,

Somos uma fusão.


Os sonhos dão sentido à vida,

A vida é um risco de ganhar e de perder,

Mas vale arriscar e perder

A se reservar e, no tempo, se esquecer

Deixando de viver.


Somos pó misturado com água,

Transformados em massa endurecida.

Somos vulneráveis ao tempo,

Deterioramo-nos,

Transformamo-nos.


Mas de um jeito ou outro,

Evoluímos,

E um futuro nos espera

Vivemos numa esfera

Que nos deixa tontos.


Olhamos para frente,

Sempre nos arriscamos

Porque fazemos o que queremos

E fazemos o que não queremos

Mas o importante é que vivemos

E a realidade modificamos.


Somos fracos,

Mas pensamos,

O que não é sinônimo de usar a razão,

E que sentido terá,

Quando descobrirmos que a nossa verdade não há?


(Moisés Wesley)


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Embriaguez

Vou me embriagando com pequenas felicidades para ver se afogo as grandes mágoas que escondo aqui dentro.
Quem sabe assim o sorriso não vire um hábito e eu acabe me esquecendo de vez de chorar. Afinal, se o sorriso é contagioso bem que ele pode contagiar a mim mesmo. Ou será que ele é que nem catapora? Catapora só se pega uma vez na vida e todo mundo pega. Mas, sabe, eu nunca peguei catapora.
Não sei se vai funcionar, mas que vou continuar bebendo as alegrias, isso vou. Vai que elas enchem o espaço todo e esmaga a dor.
Apesar de que... é bem isso mesmo que elas estão fazendo. Esmagando a dor e deixando cada vez mais pesada. Mas eu não choro mais. Não choro porque vicia. Vou viver de sorrisos, mesmo que alguns não sejam tão sinceros quanto os outros. Se uns contagiarem os outros, acho que acabo sorrindo de vez.
Vai ver é assim que tem ser. Vai ver felicidade é como crediário e você só recebe o comprou no final do pagamento. Você vai pagando devagarzinho até que um dia ela é sua. Sem juros. E sem contrato de fidelidade, parou de pagar, não vão mais te cobrar, mas também ela nunca virá. Quem sabe?
Ningué sabe.
E é por isso que eu vou testar.
Beber alegrias até perder a lucidez.




Alanna Correia
;)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

DESCONHECIDA

Esse é bem antigo, se não foi o primeiro que escrevi, foi um dos primeiros. Nem era um adolescente direito. Peço desculpas pelo escrita simplista. rsrsrs

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Ela passou perto de mim

Seu perfume era de jasmim.


Bela como a alvorada

Deixou minha mente abalada.


Ela, com um simples olhar, me conquistou

E minha vida, um novo rumo tomou.


Com seu jeito meigo de ser

Deu-me um novo sentido para viver.


E assim foi me ganhando

E a cada dia meu amor por ela foi aumentando.


Porque no amor as coisas transcorrem sem nem sequer perceber

Quando nos damos conta, já temos um novo querer.


Difícil é quando o novo amor ali está

E nem percebe que você com ele deseja ficar.


Não há tortura sentimental maior

Quando ela nem percebe que você existe

E a cada dia que passa a vida fica mais triste

E o coração cada vez pior.



(Moisés Wesley)


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pesadelos


Meia noite

Joaquim olhava o relógio nervoso. Ele ainda não sabia dizer as horas, mas sabia que quando os ponteiros se uniam apontando para cima todo o barulho recomeçava. Sua mãe sempre o colocava para dormir pouco depois do jornal passar na tevê. Ela dizia que era para ele trancar a porta e não abrir, mesmo se o pai mandasse. Era melhor que ele dormisse. Mas Joaquim nunca conseguia dormir. Ele sempre esperava os gritos passarem para destrancar a porta, sair na ponta dos pés e ajudar a mãe a se levantar. Normalmente ela sempre acabava no chão. Ele não sabia porque era sempre assim. Ele queria ajudar a mãe, protegê-la. Ela não era de brigas, mas sempre apanhava calada por motivos que Joaquim nunca entendia.
Uma vez o pai tentou abrir a porta do quarto de Joaquim. Esmurrou a porta, gritou até que o menino a abriu. A mãe estava atrás do pai e quando viu a porta se abrindo se jogou na frente do filho e bateu a porta com força. Foi a primeira vez que ela gritou, "Fecha a porta, menino! Deixa trancada e vai dormir!". Ele fechou a porta correndo e ouviu muitas pancadas e gemidos do lado de fora. Horas depois, o pai foi dormir e Joaquim saiu do quarto para cuidar da mãe caída no chão. As roupas dela estavam rasgadas e espalhadas pela casa. Seu rosto estava tão feio quanto os rostos que apareciam nos pesadelos do menino. Tinha muita coisa vermelha e ele não lembrava de quando haviam pintado os móveis daquele jeito. Ao se aproximar da mãe, ela pegou em sua mão e sorriu como se tudo estivesse normal. Depois daquela noite ele nunca mais abriu a porta. Mas nem por isso as coisas se acalmaram. A rotina noturna se repetia quase todos os dias.
Só que hoje era diferente. Pela manhã, enquanto o pai dormia e a mãe estava fazendo o café, Joaquim se esbeirou pelas paredes até o quarto dos pais. Outro dia ele tinha visto lá dentro do guarda-roupas e foi quando teve a ideia. Mamãe nunca mais ia pedir que ele ficasse trancado no quarto. E ele mesmo nunca mais ia deixar que mamãe se machucasse tanto. Ele pegou a caixa e saiu correndo para o quarto. Guardou tudo junto com as meias limpas e foi para a escola. O dia passou rápido e logo chegou a noite. O jornal terminou e a mãe deu a ordem de sempre. Obediente, Joaquim se trancou no quarto e ficou esperando os ponteiros do relógio se unirem apontando para o teto. Logo logo papai chegaria. O pesadelo era pontual. O menino correu para a porta e ficou espiando pela fechadura. Papai não demorou. Chegou jogando uma garrafa nos pés da mamãe, que levantou e foi para a cozinha. Papai sentou em frente a tevê e quando mamãe trouxe a comida, ele jogou o prato no rosto dela e a puxou pelos cabelos arrastando-a pela sala. Joaquim foi até as meias abriu a caixa que roubara do quarto dos pais pela manhã e voltou a espiar. Mamãe continuava no chão e papai estava por cima dela segurando a garrafa que ele havia quebrado logo chegara. O menino destrancou a porta e ela rangiu ao ser aberta por suas pequenas mãos. Papai e mamãe se viraram para ele e ele sentiu medo. Papai parecia um monstro e mamãe trazia pânico nos olhos. "Joaquim volta pro quarto!", mamãe gritava. Papai se levantou e perguntou se o filho também queria brincar. Ele largou a mãe e foi em direção ao filho. Joaquim fechou os olhos e disparou. Papai caiu de joelhos e depois deitou no chão imóvel. Mamãe se levantou correndo, tomou o revólver da mão do filho e os dois se trancaram no quarto.
Mamãe não estava feliz. Ele fez tudo pensando nela, mas ela não parecia satisfeita. Ela pegou uma mala em cima do guarda-roupas encheu de algumas coisas e puxou o filho pela mão para fora da casa. "Mamãe, agora está tudo bem", ele pensava. "O que você fez, menino?", ela dizia sussurrando.
Eles saíram de casa correndo e ela jogou o revólver em um riacho no meio da estrada. Nesse dia entraram em um ônibus e fizeram um passeio de dois dias. A mãe chorava o tempo todo e fez o filho acreditar que tudo tinha sido só um pesadelo.
"Papai ficou em casa e a gente está indo embora. Você ficou dormindo até tarde e agora a gente vai morar em outra casa. Foi tudo um pesadelo e você está proibido de tocar nesse assunto de novo. Você sempre foi um bom menino, Joaquim...".
Mamãe dizia que tinha sido um sonho ruim, mas sonho ruim mesmo eram aqueles das outras noites. Com o tempo ele já não sabia mais se tinha sido verdade ou um pesadelo mesmo. O fato é que Joaquim nunca mais viu papai e nunca mais sentiu medo das setas do relógio apontando para o teto.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

ATÉ MAIS, MINHAS QUERIDAS...

Como disse a Alanna, estamos de volta. \o/

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Mais uma vez vocês se vão deixando um grande vazio!

Por que sempre fazem isso comigo?


Me sinto tão bem quando estão presentes.

Demoram tanto para chegar

E partem tão repentinamente!


Às vezes, dói tanto quando não estão aqui!

O sofrimento cresce inversamente proporcional a sua vinda!


Momentos tão lindos, tão felizes nós sempre passamos juntos

Mas vocês, sem nenhum remorso, constantemente me deixam!


Enquanto vocês se ausentam

Eu fico aqui usando a lembrança de nossos encontros

Como sustentação até vocês voltarem!


Ah, mal se foram e eu já sinto saudades!

Tudo bem, eu já deveria estar acostumado.


Vão, minhas queridas...

Eu fico aqui, sem vocês.

Suportarei, pois sei que vão voltar, vocês sempre voltam.


Até mais, minhas queridas...

... minhas queridas férias!


(Moisés Wesley)


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Minhas aulas recomeçaram hoje, então, só para descontrair, escrevi esse poema. rsrsrs