E lá estávamos nós, sentados, um ao lado do outro. Mas não dizíamos nada. Queria tocá-lo, abraçá-lo. Seria o sentimento recíproco? Quem sabe...
Tão perto, tão próximos. Eu sentia seu braço roçar o meu. No entanto, mesmo tão perto, parecia que havia um abismo entre nós. Me senti tão longe dele. Não conseguia tocá-lo.
"O que está havendo?"
Pensei em dizer Oi, mas isso seria besteira, afinal, já tínhamos nos cumprimentado.
"Será que eu fiz alguma coisa?"
Não sabia o que dizer, não sabia o que pensar, não sabia o que sentir. Alguma coisa estranha passeava pelo meu coração e era fria... Senti medo.
"O que eu estou fazendo?"
Pensei então em perguntar como ele estava...
"Pra quê? Ele vai dizer que está bem e o assunto vai morrer de novo. Por que você não está falando comigo, como sempre?"
Eu não sabia o que fazer!
Não, o silêncio entre nós não era constrangedor. Já passamos por alguns silêncios antes, mas nenhum daquele jeito. Era como se o mesmo laço que nos atava, nos separasse atravessado entre nós. Por que eu estava sentindo aquilo? Daquele jeito?
"Eu... eu..."
Comecei a pensar em como eu estava distante dele. Olhei ao redor procurando uma saída. Eu poderia falar com ele ou simplesmente sair correndo dali, para algum lugar onde a falta de palavras não me incomodasse. Vi que sua mão repousava sobre o assento do banco. Estendi a mão na direção da dele, sorrateira, devagar, sem tirá-la do banco. Meus dedos iam escorregando para algum lugar onde pudessem encontrar os dele. Fazia tudo instintivamente e quase inconsciente. Se não podia falar, talvez desse certo tocar.
Olhei para ele, mas seu olhar estava distante. Olhava para frente distraído como se não quisesse perceber que eu estava ali.
"Por que eu me sinto assim perto dele? Por que ele se tornou tão importante para mim?"
Desisti de estender a mão. Me senti constrangida, tímida. Parei. Naquele momento eu teria raiva se não estivesse tão decepcionada, magoada, triste. Não entendia porque de repente comecei a ter necessidade dele. Eu o queria por perto, eu o queria falando comigo, olhando para mim, pensando em mim do mesmo jeito estranho que eu estava começando a pensar nele. Mas ele não olhava para mim, não falava comigo.
Olhei para frente também, desisti. Aceitei o quer que estivesse acontecendo e fiquei quieta com meus pensamentos e sentimentos bizarros. Estava tentando me distrair dele quando senti algo tocando meus dedos que antes haviam parado no meio do caminho quando tentei tocá-lo.
Mirei a coisa que me tocava e vi a mão dele junto da minha. Tocando a minha. Entrelaçada à minha como se o lugar dela fosse ali, abraçada à minha mão. Senti que o calor voltou a fluir em mim, ele começou em minha mão direita e saiu a passear pelo meu corpo beijando meu coração e fazendo voltas na minha barriga. A aflição feroz que existia em mim antes, foi toda destruída quando o senti pegar minha mão. Eu sorri tímida quando notei que ele sorria para mim e continuamos calados, mas não como antes. Dessa vez o silêncio era muito bem vindo e ele era o que permitia que nossas mãos conversassem, era o acalento para o meu coração. Dessa vez nossos olhos se encontraram e conversaram assim como nossas mãos e nossos corações começaram a bater no mesmo ritmo.
Por que um ato tão bobo, tão simples, fez com que eu me sentisse daquele jeito? O que estava acontecendo afinal? No que aquilo tudo poderia se transformar?
Eu nem fazia idéia, mas talvez ele pudesse me explicar.
Alanna Correia