Ele a entregou um poema e uma flor. Ela sorriu sem jeito e corou. Ele olhou para ela tímido e a esperou ler o poema. Ela sentiu um frio na barriga. Eles se olharam. Ele questionou, ela baixou a cabeça e não respondeu. Ele esperou uma resposta que não veio. Ela não encontrava palavras. Ele baixou a cabeça e se calou. Ela abriu a boca e nada falou. Ele sorriu triste. Ela sorriu preocupada. Ele se levantou e se despediu. Ela deixou ele seguir uns instantes e depois foi atrás dele.
- Eu esqueci de agradecer - ela disse tocando o ombro dele.
- Não precisa - ele respondeu virando-se e olhando para ela.
Ela desejou um sorriso dele. Ele desejou o amor dela. Mas ela não sabia amar, ainda. Ele disse que a ensinaria. Ela não respondeu. Ele foi embora, ela ficou. Ele deixou poema e flor. Ela deixou dor. Ele foi levando as esperanças dela. Ela ficou com as dores dele.
O vento soprou forte e arrancou das mãos dela o poema dele. Ela foi atrás e não o alcançou. Ele já tinha ido embora. Ela ainda continuou procurando o poema perdido. Ele decidiu voltar - pensar, pôr a cabeça no lugar. Ele a reencontra parada no mesmo lugar que estava quando ele havia ido embora. Ela devolve a flor a ele e diz que perdeu o poema. Ele diz que não tem importância e ela chora. Ele não entende nada. Ela também não. Ela pede perdão. Ele a abraça.
Venta de novo e ela continua a chorar. Ele diz que não vai embora até que ela pare de chorar.
- Eu te escrevo outro poema - ele diz.
- Não precisa - ela responde.
Por que ela chorava?
É que ela tinha perdido o poema e o que ela reencontrou foi o autor.
Alanna Correia
Feliz Natal, meu povo.
E Feliz Ano Novo também. ^.^