Sentado no banco da estação do metrô
Observo a movimentação das pessoas
Quantas pessoas indo e quantas vindo
Quantos destinos diferentes
Rostos diferentes
Histórias diferentes
Vidas diferentes.
De todas essas pessoas
Sei tanto delas quanto elas sabem de mim:
Nada!
São muitos estilos, comportamentos
Como saberia?
Por diversas vezes me vi sozinho
E por isso tracei objetivos individuais
Mas agora, olhando essas pessoas,
Eu me pergunto:
Algum objetivo meu não estaria prejudicando
Um objetivo alheio?
Este meu objetivo é mesmo necessário?
É mais importante do que os objetivos
Dessas outras pessoas?
Será que elas me percebem como eu as percebo agora?
Será que me vêem sentado neste banco?
Será que elas pensam em relação a mim
Da mesma maneira que eu penso em relação a elas?
Só agora, depois de observá-las bem,
Percebi o quão cego eu estava
Como eu pude, diante de tantas pessoas,
Não me lembrar delas
E só me lembrar de mim?
Agora, sentado no banco da estação
Esqueço de mim
E me preocupo com elas
E como sinal que as percebo
Abro um sorriso
E como resposta eu recebo a indiferença.
Insisto em sorrir para cada pessoa que passa
E a resposta é a mesma
Ora, quem pode culpá-las?
Não as percebi durante muito tempo
Por que elas me perceberiam?
Uma criança me percebe
E com o sorriso mais doce
Faz valer o meu esforço
Para perceber e ser percebido.
Para minha surpresa ela se aproximou
E disse bem próximo ao meu ouvido:
“Eu sei o que você está fazendo,
Não desista, comigo acontece a mesma coisa,
Mas eu continuo a sorrir”
Sua mãe se aproxima e diz:
“Só me faltava essa,
Além de sorrir à toa
Ainda conversa sozinha”
E eu, sentado no banco da estação,
Continuo a sorrir...
(Moisés Wesley)