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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ESTAÇÃO



Sentado no banco da estação do metrô

Observo a movimentação das pessoas

Quantas pessoas indo e quantas vindo

Quantos destinos diferentes

Rostos diferentes

Histórias diferentes

Vidas diferentes.


De todas essas pessoas

Sei tanto delas quanto elas sabem de mim:

Nada!

São muitos estilos, comportamentos

Como saberia?


Por diversas vezes me vi sozinho

E por isso tracei objetivos individuais

Mas agora, olhando essas pessoas,

Eu me pergunto:

Algum objetivo meu não estaria prejudicando

Um objetivo alheio?

Este meu objetivo é mesmo necessário?

É mais importante do que os objetivos

Dessas outras pessoas?


Será que elas me percebem como eu as percebo agora?

Será que me vêem sentado neste banco?

Será que elas pensam em relação a mim

Da mesma maneira que eu penso em relação a elas?


Só agora, depois de observá-las bem,

Percebi o quão cego eu estava

Como eu pude, diante de tantas pessoas,

Não me lembrar delas

E só me lembrar de mim?


Agora, sentado no banco da estação

Esqueço de mim

E me preocupo com elas

E como sinal que as percebo

Abro um sorriso

E como resposta eu recebo a indiferença.


Insisto em sorrir para cada pessoa que passa

E a resposta é a mesma

Ora, quem pode culpá-las?

Não as percebi durante muito tempo

Por que elas me perceberiam?


Uma criança me percebe

E com o sorriso mais doce

Faz valer o meu esforço

Para perceber e ser percebido.


Para minha surpresa ela se aproximou

E disse bem próximo ao meu ouvido:

“Eu sei o que você está fazendo,

Não desista, comigo acontece a mesma coisa,

Mas eu continuo a sorrir”


Sua mãe se aproxima e diz:

“Só me faltava essa,

Além de sorrir à toa

Ainda conversa sozinha”

E eu, sentado no banco da estação,

Continuo a sorrir...

(Moisés Wesley)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Um Fim


Pode parecer covardia para você. Você pode inclusive ler tudo o que escrevi e dizer ao final desta carta que eu não passava de um desajustado, egoísta e, acima de tudo, covarde. Você até pode me chamar de covarde se quiser. Para dizer a verdade, eu também diria que esta atitude não passaria de um ato de covardia. Diria sim. Até o momento em que eu mesmo resolvi tomá-la.
Quando a gente ver por outro ângulo, a gente acaba passando a entender melhor as coisas, as pessoas. Veja bem, eu tentei de todas as formas resolver os conflitos que me cercavam. Eu briguei, conversei, lutei, ignorei, fiz terapia, yoga e até frequentei algumas igrejas de diferentes religiões. Ninguém pode dizer que eu não tentei. Porque eu tentei bastante, mas tudo era em vão. Todas as minhas escolhas de alguma forma deram erradas. Muitas pessoas me perseguiram, pouquíssimas me entendiam.
De fato, acho que ninguém chegou realmente a me entender. Não tem como sabermos o que uma outra pessoa passa, a não ser que sejamos essa pessoa. Cada um encara as coisas de um jeito diferente e eu tentei encarar de muitos jeitos, mas nenhum funcionou. A terapeuta disse que eu deveria aprender a viver por mim mesmo, sem me preocupar com os outros. A igreja disse que Jesus me amava e isso era tudo o que importava. A Yoga me ensinou a procurar a paz na natureza e dentro de mim. Mas dentro de mim não tinha paz alguma e as pessoas ao meu redor não me deixavam me concentrar na... não sei... Na paz?
No fim é só isso que as pessoas querem. Um pouco de paz, um lugar pra repousar a cabeça e descansar. Acabar com os problemas, com as aflições...
Esta carta não é para culpar ninguém e nem para tirar um peso do meu coração que por toda a minha vida andou tão pesado. Estou escrevendo apenas para que nenhuma outra pessoa seja acusada pela a vida que eu mesmo tirei.
Sei que você não entende os motivos. Pode ter sido solidão, desespero, covardia ou simplesmente cansaço. Você pode escolher qualquer uma dessas palavras se alguma delas fará com que você se sinta melhor. Nem com muitas cartas eu poderia transmitir o que realmente me fez fazer o que estou prestes a fazer.
Agora, você deve está se perguntando: esse cara não pensa em sua família? Digo logo que não tenho família, pois a definição que me deram de família quando eu ainda era criança não condiz em nada com as pessoas que compartilham do mesmo DNA que eu. Sendo assim, digo que sim, pensei sim em cada um deles, mas no fim eles saberão que esta acabou sendo mesmo a melhor forma de colocar um ponto final nas coisas.
Assim ficamos todos em paz. Eu, eles e você que agora ler minha carta como se não tivesse feito parte da minha vida. Talvez você esteja certo, talvez você realmente não tenha nada haver comigo. Ou talvez não. Mas isso é algo que nós nunca saberemos, pois já não me importam mais as respostas para as perguntas que tenho e quanto as que você tem, já está tarde para que eu possa respondê-las, não é mesmo?
E desta forma termino minha carta apenas para dizer que as coisas têm mesmo um fim. Todas elas.
Adeus.